A nutrição é um aspecto crucial na criação de peixes e camarões, uma vez que influencia diversos fatores, como o crescimento, a sobrevivência, a saúde, a reprodução e qualidade dos animais. Por consequência, é essencial que exista uma dieta adequada e equilibrada para o sucesso de um cultivo, desse modo, utiliza-se hoje a ração como maior aliada. Assim, aprenda um pouco mais sobre os parâmetros avaliados para qualidade da ração na aquicultura.
A ração é a principal fonte de alimento fornecida aos animais em sistemas intensivos. Sendo a grande responsável por suprir suas necessidades nutricionais e promover um crescimento adequado, pois é formulada de acordo com o objetivo da produção. Vale ressaltar, que independente deste, a qualidade da ração é um fator chave para o sucesso, por este motivo, antes de ofertá-la é imprescindível avaliar o seu valor nutricional e ingredientes que foram utilizados.
Os ingredientes geralmente são colocados de maneira estratégica. Levando em consideração as espécies cultivadas, o estágio de desenvolvimento dos animais e as condições ambientais do cultivo. Dessa forma, é possível garantir que a dieta forneça os nutrientes necessários para suprir as demandas metabólicas de acordo com cada espécie aquática.
Para atender às suas necessidades nutricionais, a ração deve conter uma variedade de componentes importantes. São eles:
Proteína
É um dos principais componentes necessários para o desenvolvimento e a reprodução de peixes e camarões. São essenciais para a construção e reparação de tecidos, regulação de processos metabólicos e funcionamento adequado do sistema imunológico. Ingredientes como: Farinhas de peixe e farinhas de crustáceos são fontes comuns de proteína. No entanto, devido à crescente demanda por farinha de peixe e preocupações com a sustentabilidade, há um interesse crescente no uso de outras fontes de proteína, como a soja, a farinha de algas e a proteína isolada de ervilha. A quantidade de proteína necessária varia de acordo com a espécie do pescado, idade, temperatura da água e outros fatores ambientais. Além disso, a digestibilidade das proteínas pode ser influenciada por vários fatores, incluindo a fonte de proteína e o processamento da ração.
Lipídios
Também são importantes na ração para peixes e camarões, porque além de fornecerem energia, são fontes de ácidos graxos essenciais, ajudam a transportar nutrientes não lipídicos e vitaminas lipossolúveis (A,D, E e K), e regulam a temperatura corporal. As gorduras vegetais, como óleo de soja e óleo de linhaça, e as gorduras animais, como gordura de peixe, são comumente utilizadas. A qualidade e a quantidade de lipídios na dieta dos peixes e camarões podem afetar sua saúde e desempenho.
Além disso, a relação entre ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 é importante na dieta dos peixes, pois esses ácidos graxos são essenciais para a saúde e crescimento. A suplementação de ácidos graxos na ração pode ser necessária para garantir uma proporção adequada de ômega-3 e ômega-6. No entanto, é importante equilibrar a quantidade de lipídios na dieta dos peixes, pois o excesso pode afetar negativamente a qualidade da água e aumentar a incidência de doenças em sistemas de cultivo intensivo.
Carboidratos
Não são exigidos nutricionalmente por camarões e peixes, pois estes sintetizam de maneira eficiente glucose de outros precursores – como: aminoácidos. Mas, embora não sejam considerados nutrientes essenciais, podem ser uma fonte valiosa de energia em algumas situações, principalmente, por serem fontes baratas de alimentos. Farinhas de cereais, como milho e trigo, e féculas de vegetais, como batata, são as mais utilizadas – esses ingredientes fornecem carboidratos facilmente digeríveis. Porém, a quantidade e a qualidade dos carboidratos na dieta devem ser equilibradas com outros nutrientes, como proteínas e lipídios, para garantir uma nutrição adequada. Em excesso, os carboidratos podem afetar negativamente a saúde dos peixes e aumentar a carga orgânica na água.
Vitaminas e minerais
São cruciais para o desenvolvimento e a saúde geral dos peixes e camarões. As vitaminas incluem vitaminas hidrossolúveis, como vitaminas B e C, e vitaminas lipossolúveis, como vitaminas A, D, E e K. As vitaminas hidrossolúveis são solúveis em água e não são armazenadas no organismo dos peixes, portanto, devem ser fornecidas regularmente na dieta. Já as vitaminas lipossolúveis são armazenadas no tecido adiposo dos peixes, portanto, o excesso dessas vitaminas pode ser tóxico. Os minerais, como cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio, são necessários em quantidades adequadas para o crescimento e desenvolvimento saudável. A deficiência de vitaminas e minerais pode levar a uma série de problemas de saúde: Atraso no crescimento, deformidades, problemas de pele, estresse e imunidade reduzida.
E também:
Por fim, os aditivos, são substâncias adicionadas à alimentação de peixes para melhorar a qualidade, sabor, aparência, digestibilidade e conservação do alimento.Os aditivos mais comuns incluem conservantes, antioxidantes, corantes, aromatizantes e agentes ligantes. Existem ainda outros aditivos que podem ser adicionados à dieta, como probióticos, prebióticos e enzimas. O excesso ou o uso inadequado de aditivos pode afetar negativamente a saúde dos animais e o cultivo. Por isso, é recomendado que sejam usados apenas quando necessário e em quantidades seguras e regulamentadas.
A combinação adequada de proteínas, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais, juntamente com aditivos apropriados, ajudam a garantir que os peixes e camarões recebam uma nutrição equilibrada e saudável.
Outros fatores:
Além dos parâmetros já mencionados, outros fatores podem afetar a qualidade da ração, como a textura, a granulometria e a presença de antinutrientes. Da mesma forma, quando em climas quentes e úmidos, é bastante importante levar em consideração a estabilidade da ração, já que pode haver favorecer o crescimento de fungos e bactérias.
A segurança alimentar também é um aspecto crítico a ser considerado, uma vez que os camarões e peixes alimentados com ração contaminada podem ser prejudiciais à saúde humana. É fundamental garantir que a ração não contenha nenhum ingrediente que possa ser prejudicial à saúde dos animais ou dos seres humanos que os consomem.
Existem ainda outros fatores externos que podem mudar a qualidade de uma ração, como, a qualidade de água, que deve ser monitorada e mantida em níveis adequados para garantir o bem-estar dos animais e prevenir doenças. E a qualidade do meio ambiente, como a densidade populacional e a qualidade do ar, estes devem ser monitorados e mantidos dentro dos limites seguros.
Lembrando que mesmo que a ração seja de máxima qualidade e adequada ao tipo de produção, é igualmente importante o gerenciamento do alimento. O planejamento deve ser cuidadosamente feito, assim como, o armazenamento, distribuição e monitoramento. Isso garante a qualidade e a disponibilidade de alimento para os animais, além de reduzir o desperdício e aumentar a eficiência.
Investimento em ração de alta qualidade e gestão, é sinônimo de maximização do cultivo e ótima rentabilidade. Por isso, é importante que os produtores de aquicultura trabalhem em estreita colaboração com especialistas em nutrição. Garantindo assim que suas operações tenham acesso à rações compatíveis com a produção e aos protocolos de gestão.