Os víbrios são bactérias gram-negativas, com formato de bastonetes, que utilizam quitina como fonte metabólica e são aeróbicas facultativas. São microrganismos livres que vivem predominantemente em água salgada e fazem parte do bacterioplancton. Além disso, estão presentes em diferentes tecidos e órgãos de organismos aquáticos, compondo uma complexa microbiota aquática ou entérica.
O método mais utilizado para a identificação de víbrios no sistema de cultivo é o método da bacteriologia, seja na água ou no hepatopâncreas dos animais. Alguns víbrios podem fermentar sacarose quando inoculados em meio ágar tiossulfato citrato bile sacarose (TCBS), tornando a colônia amarela.
Este artigo, publicado por Renato, Gerente de Produtos Aqua da Imeve, na revista PANORAMA DA AQUICULTURA, destaca que a bacteriologia não identifica a espécie de víbrio, e os resultados devem servir como um indicativo de carga bacteriana, pois existem víbrios patogênicos e não patogênicos que apresentam coloração amarela, verde e parcialmente amarelada.
Além dos víbrios, alguns probióticos comerciais contêm bactérias que fermentam sacarose, como Enterococcus faecium, mas suas colônias são pequenas e translúcidas. Para identificar víbrios, especialmente em casos de virulência, o diagnóstico molecular é mais preciso.
Apenas algumas cepas de víbrios causam doenças em camarões, sendo as mais preocupantes as virulentas de V. parahaemolyticus e V. harveyi, que contêm plasmídeos de toxinas PirA e PirB, principais causadores de EMS/AHPND. Fatores ambientais, como eutrofização e acúmulo de matéria orgânica, favorecem a proliferação de víbrios, reduzindo a diversidade microbiana e aumentando o risco de doenças. A presença de víbrios no intestino não implica necessariamente em doença, mas desequilíbrios na flora intestinal associados ao estresse podem desencadear patologias. Portanto, estratégias microbianas que aumentam a diversidade de bactérias benéficas no sistema são essenciais para evitar disbiose e doenças.
As proteobactérias são predominantes no intestino dos camarões em todas as fases de vida, com a família Vibrionaceae sendo abundante. Mudanças na microbiota ambiental que favorecem víbrios patogênicos podem causar disbiose, aumentando a suscetibilidade dos camarões a doenças. Um programa de monitoramento bacteriológico é crucial para avaliar as cargas de víbrios e a eficácia de aditivos no controle dessas bactérias, já que a diversidade microbiana é um indicador de saúde do hospedeiro.
O fornecimento de probióticos durante o cultivo é uma estratégia biológica importante. Probióticos são aditivos microbianos que melhoram a comunidade microbiana, a utilização de alimentos, a resposta a doenças e a qualidade do ambiente. Conhecer as cepas dos probióticos é fundamental, pois algumas são mais eficazes em determinadas aplicações. Bacilos são eficientes em biorremediação, enquanto bactérias produtoras de ácido lático são melhores em sanidade. O manejo de aplicação varia conforme o objetivo, seja na dieta para melhorar a digestibilidade e controlar bactérias patogênicas, ou no ambiente de cultivo para promover o equilíbrio da microbiota.
O uso de probióticos é complexo, pois pode haver interações ambientais e nutricionais. Na dieta, eles melhoram a digestibilidade dos nutrientes e ajudam no biocontrole de bactérias patogênicas. Probióticos como bacilos são resistentes à temperatura e pH, sendo comuns em dietas, enquanto bactérias láticas sintetizam compostos antimicrobianos.
No ambiente, a aplicação de probióticos visa melhorar a ambiência, controlando compostos nitrogenados e sólidos, e equilibrando a microbiota. O simbiótico, uma forma popular de aplicação, promove a fermentação de uma fonte de carbono, favorecendo a biodiversidade microbiana e controlando patógenos. O solo também desempenha um papel crucial, onde o acúmulo de matéria orgânica favorece bactérias r-estrategistas, reduzindo a diversidade microbiana e promovendo disbiose.
Em resumo, um manejo sanitário eficaz, com controle de patógenos e monitoramento da microbiota, é essencial para prevenir doenças e perdas econômicas na produção. Conhecer a composição dos probióticos e usá-los corretamente é vital para resultados satisfatórios. O controle entérico é tão importante quanto o controle ambiental, exigindo um programa de monitoramento das condições ambientais e do status sanitário dos animais e do ambiente.
Créditos: Renato De Almeida e Panorama da Aquicultura